Foi-se o tempo em que o tempo era um problema. Se antigamente as pessoas reclamavam de sua falta, hoje isto já é praticamente retórico. Tudo se adapta com o tempo. E o tempo se adapta a nós. Ele não corre diferente, não se apressa ou diminui sua velocidade por isso, mas a verdade é que está brutalmente dominado.
Todos os dias ao acordar pensamos no que temos que fazer hoje, amanhã e depois de amanhã. Trabalho, estudo, diversão tornam-se apenas marcas em uma agenda. Pensamos nisso antes mesmo de dormir. O tempo não altera sua velocidade, mas mesmo assim foi domado. É controlado, dosado e gasto na medida de nossas necessidades. Desta forma conseguimos nos sentir responsáveis pelas nossas vidas, e até o momento de paixão acaba reduzido a uma mera formalidade, curta e vazia.
Nossa concepção de tempo como instrumento de sucesso acabou mecanizando nossas funções. E como robôs nos saímos muito bem. Aprendemos a dividir nosso tempo numa proporção de dez para um, na qual o lazer tem papel figurante. Afinal é o trabalho que nos torna cidadãos respeitados, que cumprem seu dever. E assim fugimos de um dos papéis mais marginalizados da sociedade, assim ninguém nos chama de vagabundos. Desta forma somos coerentes com nossa falta de ser.
A questão é: todo esse controle realmente nos faz bem? Somos tão felizes quanto pensamos ser? Sinceramente, acho que não. De certa forma tem sorte aquele que não tem tempo para perceber isso. E de forma alguma proponho saída, já que esta é pessoal e intransferível, como os cartões de crédito. Mas, ainda me pisca uma fagulha de esperança.
Eventualmente há de se perceber que o ser humano merece mais que essa maçante rotina – nascer, crescer e morrer. Talvez venha um dia em que alguém dedique seu tempo a sanar a nossa falta de tempo. Sei que é pedir muito, mas insano mesmo é aceitar sem ao menos questionar, que a vida é só isso mesmo.
Hoje depois do trabalho, ou amanhã, no meu intervalo, vou redigir um protesto único e singelo, para quem eu não sei, talvez seja para mim mesmo. Quem sabe dentre todas as minhas obrigações eu não volte ler tal protesto um dia. Quem sabe quando lê-lo, eu não lembre de uma época em que me pegava imaginando o meu futuro. Não o meu trabalho, saúde ou a economia mundial, mas o meu futuro. Aquele mesmo, no qual eu me via jogando um frisbee para um cachorro, no parque com a família. Clichê, não? Pelo menos neste sonho eu não uso um relógio.
Todos os dias ao acordar pensamos no que temos que fazer hoje, amanhã e depois de amanhã. Trabalho, estudo, diversão tornam-se apenas marcas em uma agenda. Pensamos nisso antes mesmo de dormir. O tempo não altera sua velocidade, mas mesmo assim foi domado. É controlado, dosado e gasto na medida de nossas necessidades. Desta forma conseguimos nos sentir responsáveis pelas nossas vidas, e até o momento de paixão acaba reduzido a uma mera formalidade, curta e vazia.
Nossa concepção de tempo como instrumento de sucesso acabou mecanizando nossas funções. E como robôs nos saímos muito bem. Aprendemos a dividir nosso tempo numa proporção de dez para um, na qual o lazer tem papel figurante. Afinal é o trabalho que nos torna cidadãos respeitados, que cumprem seu dever. E assim fugimos de um dos papéis mais marginalizados da sociedade, assim ninguém nos chama de vagabundos. Desta forma somos coerentes com nossa falta de ser.
A questão é: todo esse controle realmente nos faz bem? Somos tão felizes quanto pensamos ser? Sinceramente, acho que não. De certa forma tem sorte aquele que não tem tempo para perceber isso. E de forma alguma proponho saída, já que esta é pessoal e intransferível, como os cartões de crédito. Mas, ainda me pisca uma fagulha de esperança.
Eventualmente há de se perceber que o ser humano merece mais que essa maçante rotina – nascer, crescer e morrer. Talvez venha um dia em que alguém dedique seu tempo a sanar a nossa falta de tempo. Sei que é pedir muito, mas insano mesmo é aceitar sem ao menos questionar, que a vida é só isso mesmo.
Hoje depois do trabalho, ou amanhã, no meu intervalo, vou redigir um protesto único e singelo, para quem eu não sei, talvez seja para mim mesmo. Quem sabe dentre todas as minhas obrigações eu não volte ler tal protesto um dia. Quem sabe quando lê-lo, eu não lembre de uma época em que me pegava imaginando o meu futuro. Não o meu trabalho, saúde ou a economia mundial, mas o meu futuro. Aquele mesmo, no qual eu me via jogando um frisbee para um cachorro, no parque com a família. Clichê, não? Pelo menos neste sonho eu não uso um relógio.
Muito legal João!
ResponderExcluirA falta de tempo é uma das coisas que mais reclamamos em nosso dia a dia.Muito pertinente tocar nesse assunto.
continue escrevendo.Você é um orgulho para nós aspirantes a jornalistas...hahaha
bj
mariele
"De certa forma tem sorte aquele que não tem tempo para perceber isso."
ResponderExcluire também tem sorte aquele que não tem tempo pra perceber quanta coisa errada tem por aí...
muito bom o blog João!!
Abrass,
Daniel Gonzaga
E o protesto? :)
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