quarta-feira, 11 de maio de 2011

Penso, logo não escrevo

O escritor sempre diz: eu tenho tanto para escrever. As pessoas sempre dizem ao escritor: nossa você escreve tão bem, por que não escreve mais? O escritor então pensa: porque diabo não consigo colocar o que penso na porra de um papel? Mas a verdade é diferente. A escrita não aflora porque o escritor quer escrever, e nem porque o leitor quer ler. A escrita surge porque as palavras querem ser ditas.


Já li em algum lugar que o escritor não cria o que escreve, ele simplesmente pega as ideias no ar. Então eu, que estou sem ideias, sem palavras e sem paciência para esperar que minha imaginação funcione, vou simplesmente escrever sobre como não sei sobre o que escrever. E assim escrevo covardemente, apenas roubando de mim mesmo palavras que queriam ser ditas – ou não.


A coisa vai piorando quando durante a escrita a falta de ideias também vai se esgotando, e o medo de não conseguir terminar o próximo parágrafo vai crescendo. Aflição maldita esta que bate no peito, que faz pensar que o texto ficará curto demais para tanto nada a ser dito.


E toda esta vergonhosa situação clama por um final que seja ao menos legível. O meu final será falar do final do escritor (aquele bem metafórico e distante): mesmo rodeado de ideias, de palavras, de imaginação, de pessoas dizendo “escreva”, o escritor sempre termina sozinho. Minto, ele sempre termina com a vontade de escrever.

3 comentários:

  1. MUITO BOM!
    Traduziu toda a minha (não) vontade de escrever.
    Talvez eu escreva quando voltarmos de SP...

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  2. Muito bom joão!
    Escreve mais! kkkkkkkkkkkkkk

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  3. Convite

    Estou lhe convidando a visitar, uma página que mantenho na Internet.
    Não tem nem Cores e nem Nuances, por isso nominar de blogue, é muita pretensão. Mas, solicito que vá até lá, e possamos seguirmos juntos por eles. Estarei grato, esperando por você. E desde já o meu sentimento de gratidão.

    www.josemariacosta.com

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